Sejam Bem vindos (as)

" O poder das palavras é ainda maior quando estas são ocultas.seu momento de serenidade é um momento de mudanças .sua revelação não é uma obra terminada .é apenas a construçaõ."

Ivy Lioncourt

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Memórias Postumas de Brás Cubas-Analise

Memórias Póstumas de Brás Cubas     
Por Machado de Assis
Realismo. A história é narrada por Brás Cubas, um defunto autor que após narrar sua morte e funeral começa a contar a sua vida. Conta a infância, as travessuras, o primeiro namoro com Marcela (interesseira e bela, fica pobre e feia), um namoro com Eugênia (que acaba pobre) e mais tarde seu noivado com Virgília. Como Virgília casa com outro eles mais tarde se tornam amantes. O romance era ajudado por Dona Plácida (que também morre pobre) e acaba quando esta vai para o Norte com o marido. Conta então seu reencontro com o amigo Quincas Borba (primeiro na miséria, depois rico, depois miserável e louco), que lhe expõem sua filosofia, o Humanitismo. Cubas passa seguir o Humanitismo. Já deputado, não se reelege ou se torna ministro então funda um jornal de oposição baseado no Humanitismo. Mais velho se volta para a caridade e morre logo após criar um emplasto que curaria a hipocondria e lhe traria fama.
ANALISANDO A OBRA
Em memórias póstumas de Brás cubas é evidente o estilo único de machado de Assis, que nos causas surpresa e nos conserva atentos a cada capitulo, estruturado de maneira absolutamente original ! inegavelmente machadiana, Neste romance realista a criticidade é presente questionando a função da literatura apresentando diversas reflexões sobre a problemática existencial
 Realizadas por um narrador defunto, ou como diria Brás cubas! Um defunto autor, O mundo de Brás , revela em seus capítulos uma visão singular de mundo  onde a obra tem permissão para ultrapassar, o divertimento de uma prosa fictícia ; o real interesse da obra vem em analisar o ser humano, em referir-se aos valores universais sem perder de vista o contexto social no qual esta inserido, Memórias póstumas é uma obra que além de inovar na estrutura narrativa consegue fazer uma analise psicológica da sociedade de seu tempo, a partir da ótica de um narrador personagem, representante da classe nobre do Brasil no século XVIIII, o olhar de Machado de Assis foi penetrado de valores  ideais e dinamismo que não se esgotava no quadro espaço temporal em que se exerceu.
COMO MACHADO DE ASSIS, DEFINIU A IMPORTANCIA DESSA OBRA EM NOSSA LITERATURA.
 Ao ter contato com o livro, iram ser desnudas todas as intenções do autor e suas composições, quando li memórias póstumas de Brás Cubas, senti ousadamente o sentimentalismo, já que machado possui um estilo romântico muito natural, percebi o moralismo um tanto quanto superficial, a pessoa humana revestida da pessoa humana fictícia, a concepção do domínio do amor sobre todas as outras paixões, o livro afirmava a possibilidade de construir uma grande obra sem se recorrer a natureza , o autor colocava-se pela primeira vez dentro dos personagens, então surgiam homens e mulheres e não somente brasileiros, ou gaúchos ou nortistas
 “ Ingrid Viviane”
O realismo psicológico machadiano, diferentemente do realismo e naturalismo, despreza a busca de tanta objetividade e imparcialidade na construção da narrativa, ao contrário Machado concentra-se na visão de mundo de suas personagens, através da qual ele traça uma verdadeira anatomia do caráter humano revelando suas problemáticas existenciais, suas contradições. O seus interesse principal esta No Homem, que ele retrata do ponto de vista psicológico. E isso o torna universal, pois seu olhar não está preso ao eu tempo e nem a teses cientificas  ; Usando recursos como a ironia o humor negro ( sob uma ótica pessimista) e técnicas narrativas como a intertextualidade, o uso da metalinguagem ( a utilização da linguagem para refletir sobre o próprio ato de escrever), da digressão(ato de romper um discurso e sua continuidade promovendo uma volta para um passado  intencional um “flash back” para o tema)e de um narrador que conversa com o leitor, o autor constrói o mundo de suas personagens.
NARRADOR
“Eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor para quem a campa foi outro berço” Está é a definição do narrador da obra , que a personagem principal de memórias póstumas de Brás Cubas , dessa forma a obra fica nas mãos de alguém que esta livre para desmascarar a hipocrisia e a vaidade dos outros e de si mesmo, sem ser julgado pela sociedade, já que esta morto.
A escolha do defunto autor, é portanto uma estratégia de Machado, inegavelmente ousada para época, que da a sua narrativa, certos ares de imparcialidade, visto que por sua condição de morto teria liberdade de contar sobre tudo que desejasse e sobre todos, sem ressalvas, e de maneira franca. Mas por se tratar de Machado de Assis que nos apresenta um realismo peculiar de cunho psicológico, interessado em enquadrar a alma humana e suas misérias, verifica-se pela leitura da obra que o narrador não é tão imparcial como se poderia imaginar. Ora omite fatos, ora deturpa-os, ora exalta a si mesmo, misturando irreverência com agressividade, demonstrando , por meio da ironia, seu narcisismo característico( um exemplo disso é o capitulo I, em que Brás cubas compara seu romance ao Pentateuco, de Moisés)
“ Não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo, Moisés que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e Pentateuco. ( Capitulo 1 óbito do autor ; primeiro parágrafo)
 AMBIENTES DA OBRA
Na esfera Política: O ambiente político retratado em Memórias Póstumas de Brás Cubas  , traz o desmascaramento da corrupção através de um jogo de influencias. Machado mostra que o ingresso na vida política se dá por indicação.Em outras palavras o pretendente a essa posição privilegiada na sociedade não a conquista por dom ou esforços pessoais. Brás Cubas não entendia nada de política mas através do casamento com Virgilia, filha do conselheiro Dutra, por indicação deste, poderia se tornar deputado( o que não ocorreu porque Virgilia se casou com Lobo Neves). Observe as palavras do pai de Brás Cubas
“ Nenhum ajuste. Há tempos conversando com ele e a teu respeito, confessei-lhe o desejo que tinha de te ver deputado: e de tal modo falei que ele prometeu fazer alguma coisa, e creio que o fará.Quanto à noiva, é o nome que dou a uma criaturinha, que é uma jóia, uma flor , uma estrela uma coisa rara...é a filha dele; imaginei que se, casasses com ela, mais depressa serias deputado.”
Mas se não entendia de política, por que fazer tanta questão de entrar nesse cenário? A resposta é simples, somente através de uma nomeação poderia se sair do anonimato, Há por trás da vida política um jogo de poder que atrai. Só ela seria capaz de trazer reconhecimento social para Lobo Neves e Brás Cubas e assim tira-los da obscuridade . Obscuridade essa temida pelo pai de Brás Cubas.
NA ESFERA SOCIAL: No que diz respeito a questão social a regra básica gira em torno do ter posição social ( ter casamento, dinheiro)versos ser (digno, honesto, consciente de seu papel). O universo moral das personagens de Machado esta submetido às leis do interesse . Marcela, Virgilia e o pai de Brás, dentre outros casos, são exemplos disso. O que move cada personagem é o interesse que tem por algo no futuro: dinheiro , posição social um cargo político. Todas as relações sociais são retratadas de maneira desgastada. Já no primeiro capitulo, quando narra seu funeral, Brás Cubas destrói a relação de amizade verdadeira; os vínculos familiares de amor,respeito e renuncia pessoal são progressivamente anulado e o casamento, enquanto instituição é um jogo de aparências.
NA ESFERA PESSOAL: Na esfera pessoal o jogo gira em torno de aparência X essência . E essa é a grande questão abordada por Machado de Assis no conjunto de sua obra. Na sociedade retratada pelo autor, quem ganha é a aparência ; o que representa mais valor é o prestigio social que se tem perante aos outros. Guiadas por esse principio, encontramos em sua obra inúmeras situações demonstrando esse jogo entre aparência e essência. Em Memórias Póstumas, Brás Cubas relata que era um “ menino diabo”. Seu pai, diante de suas traquinagens repreendia-o na  frente dos outros, mas o adulava quando estavam a sós. Marcela outra personagem desse livro, fingia não querer os presentes de Brás mas os aceitava depois dessas “ relutâncias” . Brás Cubas certa vez achou na rua uma moeda de ouro e chegou a devolve-la. Isso lhe rende muitos comentários favoráveis , mas em seguida acha uma caixa com 5 contos de réis e não devolve, pois sabia que jamais sofreria a desconfiança das pessoas. Inventa o Emplasto para curar a hipocondria/melancolia do mundo, com o único intuito de se tornar imortal. Virgilia casa-se com Lobo Neves porque esse a promete fazer marquesa, eis ai em cena a ironia Machadiana e sua visão pessimista da condição humana.

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